quinta-feira, 10 de maio de 2012

Maestro Guedes Peixoto é parte da história da música em Pernambuco

Músico fez seu nome nos bailes de Carnaval, à frente da Orquestra Sinfônica e na regência de grandes óperas

Da Redação do pe360graus.com

 Quando ainda era um garoto de nove anos na cidade pernambucana de Goiana (a 60 quilômetros do Recife), Mário Guedes Peixoto ganhou seu primeiro trombone. Logo a disciplina, determinação e principalmente o talento chamara a atenção dos professores, no início do que seria uma carreira brilhante.

"Com 12 anos eu já era músico da banda de música da Saboeira Goiana. O mestre, que era trombonista, me deu um trombone. E eu cheguei a realmente a ter uma boa posição, a ser o primeiro trombone na Saboeira, muita satisfação para mim", relembra.

O garoto cresceu e deixou a cidade natal, para estudar música e Direito no Recife. No início da década de 50, com a inauguração da Rádio Tamandaré, começou uma nova fase na vida do músico. "Eu fui contratado para participar da Orquestra da Tamandaré. E lá chegando eu dirigi a orquestra de jazz, orquestra de sopro. A orquestra era composta de sopro clássico, como se chama a flauta, oboé, fagote e cordas, violino, viola, contrabaixo. E a parte de percussão e jazz, que eu dirigia. E aí chegamos a fazer Carnaval no Internacional, comecei a fazer frevo. Isso durou somente dois ou três anos. Veio a impossibilidade Rádio Tamandaré de continuar pagando, cerca de dois anos depois, quando foi encerrado o trabalho da orquestra. Fomos dispensados e aí eu tive coragem de rumar para outras paragens. fui bater no Rio, em São Paulo, e me fixei em São Paulo", conta.

Lá, Guedes Peixoto foi regente da Orquestra da TV Tupi. Mas a o convite para voltar ao Recife veio apenas dois anos depois, quando o Jornal do Commercio precisou de um regente para a orquestra para a Rádio Jornal. "Era uma famosa orquestra muito boa. Era uma orquestra de concerto, cordas e sopros clássicos e a parte de sopro popular e percussão", diz.

A Orquestra do Maestro Guedes Peixoto ganhou o público e passou a animar os bailes de Carnaval do Clube Português. O público disputava convites para participar dos bailes, mas existia também outra disputa: entre a Orquestra do Maestro Guedes Peixoto e a Orquestra do Maestro José Menezes. Mas só quem saía ganhando era o público. "Era um confronto que se realizava entre os clubes Internacional e Português, para ver quem botava mais público, quem terminava primeiro. Ficava-se de olho no Internacional e eles no Português, para ver quem terminava a festa... tinha que terminar depois. Essa era uma prática formidável, com muito entusiasmo e ininterrupto frevo, frevo, frevo", lembra o maestro.

Foi nesta época que Guedes Peixoto começou a compor seus frevos marcantes, com os famosos arranjos e seu inconfundível estilo. "O frevo é como nenhuma outra música. Uma beleza de música pernambucana. É uma música orquestral, puramente orquestral, na qual se usa todos os meios de composição: resposta, imitação, contraponto, todas as regras de composição estão lá. Para orquestrar um frevo é preciso ter conhecimento, por isso são raros os bons frevos", ensina.

Entre os frevos mais tocados do maestro está um que surgiu de uma brincadeira depois de um dos programas da televisão. "Foi embora todo mundo, terminou o programa e ficou um guarda-chuva encostado no palco. De quem é? Do fulano! Tem um guarda-chuva! Não apareceu o dono. Guarda aí! Passaram-se umas duas ou três semanas vezes e ninguém aparecia. E terminou numa brincadeira e eu aproveitei, na época, e fiz um frevo chamado 'O
Homem do Guarda-Chuva'".

Na década de 60, Mário Guedes Peixoto entrou na Orquestra Sinfônica do Recife. Ele foi convidado para tocar trompa e chegou a ser o primeiro trompista. Se destacou tanto na orquestra que em 75 passou a ocupar o cargo de regente. Ele ficou conhecido pelo perfeccionismo. Mas mesmo à frente de uma orquestra sinfônica não esqueceu a música popular.

Quando ainda era trompetista da Orquestra Sinfônica, ele deu os primeiros passos na regência de grandes óperas. "Eu fui atraído para o teatro de ópera de Pernambuco e passei a ser o regente. Então, nos concertos líricos, eu fazia as orquestrações, ensaiava com os cantores. Comecei a ganhar também um terreno nessas músicas de canto, música lírica, então óperas. Eu chegava a fazer concertos apenas para o teatro de ópera. Cheguei até a fazer La Traviata. Ópera composta mesmo".

O convite para ser regente titular da Orquestra Sinfônica do Recife veio do então secretário de Cultura, Ariano Suassuna. À  frente da missão, o maestro se dedicou à renovação. A Orquestra continuou tocando os clássicos, mas aos poucos, a música popular também ganhou espaço. "A Sinfônica nunca foi privada de tocar música popular. O que faltava era jogo de cintura, habilidade de quem dirigia. Pode-se tocar com caráter erudito a música popular ou vice-versa", diz.

Um dos exemplos que mostram esse gosto pela união da música erudita e da popular é a Polimorfia Nordestina É uma composição do próprio maestro. A peça foi apresentada pela primeira vez em 1990.

O maestro deixou a Orquestra em 1992. Mas esse gosto pelo popular ficou. Aos 77 anos, o maestro encontrou forças para subir mais uma vez no palco. No encerramento do Carnaval deste ano por alguns minutos ele regeu a Orquestra Multicultural do Recife. Os músicos tocaram "O Homem do Guarda-Chuva".

Veja no vídeo relacionado a esta matéria o programa especial exibido pela Globo Nordeste em homenagem ao Maestro Guedes Peixoto.


fonte de pesquisa :  http://pe360graus.globo.com/diversao/diversao/musica/2010/02/27/NWS,508466,2,225,DIVERSAO,884-MAESTRO-GUEDES-PEIXOTO-PARTE-HISTORIA-MUSICA-PERNAMBUCO.aspx

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