terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Coleção Francisco Curt Lange

Âmbito e conteúdo: A coleção abrange documentos datados desde o último quartel do século XVIII até o início do XX e correspondem, em sua maioria, a obras de ofícios religiosos, mais uma parte de música para banda, um pequeno número de música para orquestra, para piano, modinhas e trechos de óperas.
Idioma: português, latim, francês e italiano
Forma de aquisição: compra
Documentação musical: 1.115 obras musicais completas manuscritas e impressas, mais um lote de fragmentos de papel de música.
Documentação não musical: 504 fotografias de documentos feitas por Francisco Curt Lange mais 29 documentos avulsos.
História administrativa / biografia: Francisco Curt Lange nasceu em Eilenburg, Alemanha, em 12 de dezembro de 1903, filho de uma família de classe média alta de ampla formação cultural, que propiciou a ele formação superior em Arquitetura, pela Universidade de Munique, além de uma excelente formação musical, entre outros estudos.  Veio para a América do Sul em 1923, no primeiro pós-guerra, e pouco depois se naturalizou uruguaio.
Sua intensa atuação como educador, pesquisador e animador cultural durante praticamente todo o século XX, deu-se em um âmbito geográfico bastante amplo, de modo que se tornou um dos principais responsáveis pelo avanço da musicologia latino-americana e especialmente pelo desenvolvimento da musicologia histórica brasileira.  Curt Lange faleceu em 1997, no Uruguai, deixando uma grande contribuição para a música e a cultura latino-americanas.  O trabalho de recolha de documentos musicais realizado no Brasil está disponível no Museu da Inconfidência, fonte para inúmeros trabalhos acadêmicos.
História arquivística: O musicólogo chegou ao Brasil 1944 com o firme propósito de juntar informações sobre o passado musical nas Minas Gerais nos séc. XVIII e XIX, mesmo após ouvir vários pesquisadores brasileiros dizerem que nessa época, e nessa localidade, não existia produção musical relevante.  Lange percorreu várias cidades mineiras, juntou uma quantidade considerável de papeis de música, e pesquisou em arquivos eclesiáticos, cartorários e das câmaras, pois ele tinha consciência que para melhor compreender aquela produção musical, era necessário a análise em outros tipos de fontes.  Todo esse trabalho culminou no artigo publicado em 1946 onde dava as primeiras notícias da inacreditável produção musical em Minas no período colonial.
A documentação recolhida por Lange está atualmente sob a guarda do Museu da Inconfidência, e o tratamento técnico a ela dispensado traz à musicologia brasileira pelo menos duas importantes frentes de pesquisa: a primeira se refere ao movimento ocorrido na historiografia da música brasileira com a descoberta de preciosa documentação musical em Minas no período que abrange o séc. XVIII e XIX, ignorada até a década de 1940.  A segunda refere-se as informações recolhidas no momento da organização e catalogação dos papéis de música.  Tratando-se de papéis recolhidos por toda Minas, sua catalogação sistemática resultou num quadro que mostra a disseminação temporal e geográfica de cópias de uma mesma obra.  Analisando o repertório, pode-se vislumbrar as mudanças no gosto musical através do tempo em Minas Gerais.
Estamos longe de uma noção minimamente rigorosa da verdadeira dimensão de nosso patrimônio musical escrito, mas, sem dúvida, a coleção Francisco Curt Lange representa um corpus fundamental para a História da Música Brasileira.
Especificação da procedência: documentação recolhida por Francisco Curt Lange em várias cidades de Minas Gerais: Abre Campo, Araçuaí, Senador Modestino Gonçalves (distr. Diamantina), Barbacena, Belo Horizonte, Pitangui, Cachoeira do Campo (distr. Ouro Preto), Cipotânea, Alto Rio Doce, Conceição do Mato Dentro, Serro, Congonhas, Diamantina, Itatiaiuçu, Mariana, Miguel Burnier (distr. Ouro Preto), Mercês, Ouro Preto, Paracatu, Freguesia de Congonhas do Campo - Vila de São José (Tiradentes), Santana de Patos (distr. Patos de Minas), Além-Paraíba, Joanésia, Piranga, Senhora do Porto, Florália, Rio Novo, Santa Bárbara, Caratinga, Santa Bárbara do Tugúrio, Engenheiro Caldas, Guaranésia, Castro Alves (distr. São João Nepomuceno), São Brás do Suaçuí, Cipotânea, Felisberto Caldeiras, Muriaé, Uberaba, Nova Lima e Ouro Preto.
Forma de organização: A coleção foi classificada em quatro grupos específicos: obras sacras e eruditas, música de banda e popular, música impressa e fragmentos.  As obras são ordenadas alfa numericamente pelo nome de autor, ou pelo gênero musical no caso de compositor anônimo.  A opção por essa forma de organização, que preserva o material e economiza espaço, é adequada à nossa situação específica que é a de administrar um acervo tão volumoso.  Organizado totalmente.
Características físicas e requisitos técnicos: alguns documentos apresentavam degradação por ação de microorganismos, insetos e roedores.  Foram tratados antes de tomar lugar na sala de acondicionamento e são constantemente avaliados.
Instrumentos de pesquisa:
DUPRAT, Régis; BALTAZAR, Carlos Alberto.  Catálogo de manuscritos musicais vol I - Coleção Francisco Curt Lange – compositores mineiros.  Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1991.
DUPRAT, Régis; BALTAZAR, Carlos Alberto.  Catálogo de manuscritos musicais vol II - Coleção Francisco Curt Lange – compositores não mineiros.  Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1994.
DUPRAT, Régis; BIASON, Mary Angela.  Catálogo de manuscritos musicais vol III - Coleção Francisco Curt Lange – compositores anônimos.  Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2000.
DUPRAT, Régis; BIASON, Mary Angela.  Catálogo de manuscritos musicais vol V - Coleção Francisco Curt Lange – popular, apêndices e fragmentos.  Trabalho pronto para publicação em parceria com a editora da UFMG, a espera de verbas,
Obs.: Foram elaborados diversos índices onde as obras podem ser localizadas por gênero musical, pela letra da música, por copistas, por carimbos e por localidade.  No caso de documentos impressos, foram criados índices por casas impressoras, por estabelecimentos comerciais e por ilustradores.
Estado de conservação: Em geral os documentos encontram-se em bom estado de conservação.  Alguns foram planificados por prensa, outros foram faceados, parcial ou total com papel japonês 0500 e cola CMC.  Nenhum documento sofreu reestruturação mecânica.
Perdas: não houve perdas por ataque biológico, incêndio ou intempérie climática.  Alguns documentos perderam a costura original no momento que foram para o laboratório de microfilmagem.  Roubo de uma obra MI-FCLange 260, Missa in Fá, autógrafo datado em 1823 de José Maurício Garcia.
Acondicionamento: Estante de aço, caixa de poliondas cinza (polipropileno colgado), documento envolto em papel neutro, indicações de localização feitas à lápis 6B.
Acesso: Documento original, fotocópias dos originais e microfilmes.
Condições de reprodução: fotocópia, microfilme e imagem digitalizada.

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