sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Abafo, coqueiro e ventania


O frevo-de-rua possui três
subtipos, conforme o estilo
composicional. Aquele que surgiu
dos conflitos nas ruas do Recife,
envolvendo as bandas rivais, é
denominado frevo-de-abafo. “O
espírito é de fazer troça e abafar o
som da banda que vem em
sentido oposto, tocando um
frevo alto, com notas mais longas
que o tradicional e por isso de
execução menos difícil”, esclarece
Leonardo Saldanha.
Outro subgênero do frevo-derua é o frevo-coqueiro, com notas
rápidas porém agudas, tocadas
em região alta. “Podemos dizer,
grosso modo, que é mais
movimentado que o frevo-deabafo, por causa das subdivisões
rápidas. O nome vem
obviamente do coqueiro, que é
alto e abana as folhas quando o
vento bate”.
Já o frevo-ventania, segundo o
autor da tese de doutorado, faz
jus ao nome, com notas de
subdivisão rápidas, normalmente
com semi-colcheias e fusas. “É um
frevo muito difícil de ser tocado e
que tem como instrumentos
principais não os metais e sim as
palhetas, como saxofones. Ele se
aproxima mais do frevo atual,
que utiliza muito esse elemento”.
Saldanha afirma que o
ventania é um frevo mais
apropriado para ambientes
fechados, devido à menor
sonoridade em relação aos
subgêneros anteriores, tal como
num improviso jazzístico de
saxofone, guitarra ou piano.
“Existem ainda as misturas de
subtipos, que são o abafoventania e o abafo-coqueiro.
Hoje em dia, é difícil ouvir um
frevo que apresente uma só
característica”.
O autor lembra outra
subdivisão do frevo-de-rua,
classificada pelo maestro Edson
Rodrigues, seu colega de trabalho
e autor de Roda e avisa, música
em homenagem a Chacrinha.
“Ele definiu o estilo frevo-desalão, que mescla todos os demais
subgêneros e que se destaca
sobretudo pela forma de
execução, jazzística. É um
sinônimo do frevo rejuvenescido,
moderno e bastante
improvisado, feito mais para
ouvir do que para dançar”.
Leonardo Saldanha, ele
próprio, definiu um último
subtipo. “Na falta de uma
nomenclatura ideal, passei a
chamar de frevo-de-sala de
concerto aquele executado por
músicos de formação acadêmica.
É adequado para orquestras
sinfônicas e outras formações
diferentes das de bandas, e
muitas vezes obedece aos rígidos
parâmetros da música de
concerto européia. É um frevo
que mostra o amadurecimento
do gênero”.

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