Localizado entre os dois maiores centros culturais do país, o Vale do Paraíba tem
condições para desenvolver um programa de integração cultural voltado para a realidade
social da região, absorvendo as iniciativas e criando novas estruturas de lazer e cultura. Os
municípios localizados ao longo da Rodovia Dutra apresentam os maiores índices de
urbanização, em função do grande número de indústrias e dos sistemas de comunicações.
Nestes municípios, o processo rápido e intenso de urbanização trouxe como conseqüência
imediata o êxodo rural, a desintegração da cultura tradicional e a modificação dos hábitos e
costumes da população: habitação, transportes, emprego, educação, saúde, cultura e lazer.
Os municípios polarizadores de atividades sócio-culturais na região são os mais
densamente povoados e industrializados: São José dos Campos, Jacareí, Taubaté,
Guaratinguetá, Pindamonhangaba, Lorena, Cruzeiro. Dotados de uma infra-estrutura mais
dinâmica, possuem museus, arquivos, bibliotecas, teatros, cinemas, grupos de dança,
artistas plásticos, escritores, poetas, galerias de arte. Existem no Vale do Paraíba três
academias literárias, dez arquivos históricos, inúmeras bibliotecas, destacando-se a
“Biblioteca Conde de Moreira Lima”, das Faculdades Integradas “Teresa D’Ávila”, de Lorena,
com um valioso acervo de obras raras brasileiras e estrangeiras, e a Biblioteca de Assuntos
Valeparaibanos do Instituto de Estudos Valeparaibanos, em Guaratinguetá, especializada
em temas e autores valeparaibanos. As artes plásticas constituem um dos setores mais
ativos da cultura valeparaibana. Nas principais cidades da região, ocorrem exposições e
salões de arte, destacando-se Guaratinguetá, Lorena, Taubaté e São José dos Campos,
reunindo artistas da região e de outras cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro. Em
Taubaté e Lorena, encontra-se em organização um Museu de Artes Plásticas, e em São
José dos Campos, por iniciativa e patrocínio da Monsanto, será instalado um Museu de Arte
do Vale do Paraíba. Rara a comunidade que não tenha cadastrado os seus artesãos. Em
Bananal, Silveiras, São Luís do Paraitinga, Guaratinguetá, Pindamonhangaba, Taubaté e
São José dos Campos, promovem-se exposições e feiras de artesanato.
As “Figureiras”de Pindamonhangaba, Taubaté e São José dos Campos são
conhecidas em todo o Brasil e exterior, e o “galinho do céu” é o símbolo do artesanato
figurativo da região valeparaibana, sendo disputado por museus e colecionadores.
As Bandas de Música constituem um dos elementos mis importantes nas festas tradicionais
da região. A mais antiga das bandas de música do Vale do Paraíba é a “Euterpe”, de
Pindamonhangaba, fundada em 1825. Outras bandas tradicionais da região são a
Corporação Musical “Mamede de Campos”, de Lorena, e a “Aurora Aparecidense”, de
Aparecida, ambas centenárias. Algumas bandas possuem arquivos preciosos, com partituras
de autores e compositores valeparaibanos.
Resistindo ao progresso e modernização dos costumes, sobrevivem em toda a
região, em especial nos municípios fora da Rodovia Dutra, os grupos folclóricos de
Moçambique, congadas, catiras, cana verde, jongo, folia de Reis, folia do Divino, cavalhadas, 1º. Simpósio Virtual de História do Vale do Paraíba panoramageral - 2 -
quadrilhas e outras manifestações populares. Encontram-se na zona rural dos municípios e
nos bairros periféricos das cidades industrializadas, apresentando-se por ocasião das festas
religiosas e de eventos especiais. Numerosas instituições culturais se distribuem pela região,
abrangendo clubes, centros culturais, grupos cívicos, entidades dedicadas à pesquisa
histórica, folclórica e literária, sendo a mais importante delas o Instituto de Estudos
Valeparaibanos, sediado em Guaratinguetá.
O café gerou um conjunto de monumentos arquitetônicos dos mais expressivos na
região valeparaibana: sede de fazendas, igrejas, capelas , sobrados, solares, estações
ferroviárias, pontes, cemitérios. O Governo Federal, através do SPHAN, tombou os
seguintes monumentos no Vale do Paraíba: fazenda Resgate (Bananal), Fazenda do Pau
D’Alho (São José do Barreiro), casa do Conselheiro Rodrigues Alves (Guaratinguetá),
Chácara do Visconde (Taubaté), Capela de Nossa Senhora do Pilar (Taubaté), a casa de
Oswaldo Cruz (São Luís do Paraitinga).
Entre os monumentos tombados pelo CONDEPHAAT estão os sobrados da Praça
Pedro ramos Nogueira, em Bananal; o Hotel Sant’Ana, em Areias; antiga residência do
capitão-mor Domingos da Silva Moreira, que hospedou o Príncipe Regente Dom Pedro,
quando da viagem histórica da Independência; o Solar do Conde Moreira Lima, em Lorena; o
Solar do Major Novaes, em Cruzeiro; a Casa dos Camargos, em Guaratinguetá, marca da
arquitetura urbana do Vale do século passado; a Basílica Velha de Aparecida; o Solar dos
Barões de Lessa, em Pindamonhangaba, reproduzindo a fachada do Palácio do Catete; o
Solar do Comendador João da Costa Gomes Leitão, em Jacareí, sede do Museu de
Antropologia do vale do Paraíba.
As festas religiosas assinalam o calendário dos eventos populares valeparaibanos.
São famosas as festas do Divino Espírito Santo, em Cunha e São Luís do Paraitinga; a festa
de São Benedito, em Guaratinguetá e Aparecida, com o desfile dos cavaleiros, os
imperadores e reis, a casa dos doces, as procissões e as quermesses, com figuras típicas,
anjos, andores e grupos folclóricos. Ao lado das festas, estão as comidas, bebidas e doces
típicos, característicos de cada festa e evento religioso. O “afogado”, ensopado de carne de
vaca, servido com farinha de mandioca; a “canjiquinha’, quirera de milho cozida com costela
de porco ou de frango; a paçoca de amendoim torrado, socado no pilão, com farinha de
mandioca ou de milho e comida com banana ouro ou banana maçã. A doçaria é
representada pelo “furrundum”, doce de cidra ou de mamão ralado com rapadura ou açúcar
mascavo; os doces de batata roxa, abóbora, mamão, laranja, figo, goiaba, banana.
O Vale do Paraíba também é um celeiro de escritores, poetas, cientistas, destacandose, entre outros, Monteiro Lobato, Waldomiro Silveira, Plínio Salgado, Cassiano Ricardo,
Almeida Nogueira, Barão Homem de Mello, Malba Tahan, Brito Broca, Aroldo de Azevedo,
Alves Motta Sobrinho, Francisco de Assis Barbosa, Ruth Guimarães, Péricles Eugênio da
Silva Ramos, Eugênia Sereno, César Salgado, Maria de Lourdes Borges Ribeiro, José
Geraldo Nogueira Moutinho. Cientistas como Oswaldo Cruz, Emílio Ribas, Miguel Pereira.
Médicos como Euryclides de Jesus Zerbini, José Cembranelli, Carlos da Silva Lacaz. Artistas
plásticos: Quissak Júnior, Ismênia Faro, Antônio Valentim de Oliveira Lino, Justino,
Herculano Cortez, Tom Maia, Paulo Pires do Rio, Gilberto Gomes. Artistas populares,
santeiros, ceramistas: Chico Santeiro, Teixeira Machado, Dito Pituba, Eugenia, Maria Froés,
Benedito e Maria Gomes, as irmãs Edith, Luíza e Cândida Santos, Teresa Migoto Justen,
Maria Benedita Vieira (Mudinha), e tantos outros anônimos que fizeram e fazem a delícia dos
olhos, com seus presépios, bichos, pavões. Os escultores Boanerges e Demétrio.
Cumpre, assim, o Vale do Paraíba o seu papel histórico e cultural. Região de
passagem e ligação, desde dos tempos coloniais, caminho para as Minas Gerais, caminho 1º. Simpósio Virtual de História do Vale do Paraíba panoramageral - 3 -
para os portos do litoral, caminho para o planalto de São Paulo, caminho para a cidade do
Rio de Janeiro, desbravou sertões, povoou capitanias distantes, fundou vilas e cidades,
participou do movimento da Independência, sustentou economicamente o Império Brasileiro,
participou ativamente da vida política e social do Brasil e, hoje, se apresenta como a região
mais importante no processo de industrialização e urbanização do Brasil e da América do
Sul.
Referências bibliográficas:
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