Hélder Gadêlha
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Estava lendo uma edição de janeiro do ano passado do Fanzine Silêncio Interrompido, recém-nascida e graciosa publicação cultural produzida por jovens idealistas de Goiana, quando me deparei com escrito intitulado De Ponta de Pedras A Pontas de Pedra, “versando” sobre a história da aprazível praia do litoral norte de Pernambuco e indagando na última estrofe: “E por que a praia de ponta de pedras Perdeu esse nome para uma cidade do Pará, se de mais antiga ponta de pedras é? Não sei, só sei que ponta de pedras é agora pontas de pedra”. Verifiquei que o jovem Thiago Pedro, mais conhecido por Noiado, deu uma valiosa contribuição para que finalmente se dissipassem as dúvidas com relação ao verdadeiro nome daquele distrito de Goiana. No que aproveitei para tentar ajudá-lo em sua indagação e a quem quisesse acabar com a incerteza. Pois bem, caro Noiado! Agora a praia não é Pontas de Pedra. A verdadeira escrita é Ponta de Pedras. | |||
Do acidente geográfico surgiu o nome Ponta de Pedras (ponta vem de terra que avança pelo Oceano Atlântico; e pedras provavelmente pela grande quantidade de pedras que existia no local). Instigado uma vez pelo querido sociólogo e “cidadão pontapedrense” Aristácio Ferreira lembrei dele ter me dito que uma lei da época do prefeito Harlan Gadêlha definia o nome do local como Ponta de Pedras. Daí que, pesquisando o arquivo da Câmara Municipal de Goiana constatei que a lei não fora oriunda do Poder Executivo, mas sim do Legislativo goianense. O Projeto de Lei nº 033, de 13 de julho de 1988, é de autoria do então vereador Wilfred Gadêlha. Sabe-se que no estado do Pará existe uma cidade homônima com pouco mais de 24.000 habitantes, situado no arquipélago do Marajó, na região norte daquele estado. Relatos do passado indicam que a Ponta de Pedras paraense foi fundada em 1727, com a categoria de freguesia, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição, padroeira do lugar. Em 17 de maio de 1833, o lugar teve seu território anexado ao de Cachoeiro do Arari, do qual fez parte até 1877, quando a Lei nº 886 elevou-o à categoria de Vila. O novo conselho foi instalado somente quatro anos depois, isto é, em 7 de janeiro de 1881. Com a Revolução de 1930 o município foi extinto e criado um novo, denominado Itaguari. Mas, em 31 de dezembro de 1938, o Decreto nº 3.131 restabeleceu seu nome de Ponta de Pedras, nome dado em virtude das pedras existentes no local.
Em sua justificativa de apresentação do projeto, enriquecida com a colaboração substancial de Aristácio Ferreira, o então vereador Wilfred Gadêlha salienta que “a duplicidade de nomes de localidades encontra-se presente em vários estados da Federação”. Um exemplo: aqui em nosso Pernambuco e no vizinho estado da Paraíba existem as cidades do Condado e do Paulista.
Continua a explanação que “a determinação do Governo Federal,“à época”, no sentido de não coincidirem os nomes de localidades com a mesma denominação foi motivo por que Ponta de Pedras passou a denominar-se Pontas de Pedra, para não se confundir com sua homônima no Estado do Pará...
Outras localidades pernambucanas que tiveram, em 1943, suas denominações mutiladas para atender tais exigências, restauraram o nome antigo em projetos aprovados pela Assembléia Legislativa do Estado, tendo como caso mais recente o de Itambé, em 1975, ficando Pontas de Pedra, por ser distrito, e à espera da iniciativa de um vereador, desfalcada de seu nome original”...
A justificação diz que diante dos fatos a praia goianense deveria voltar a chamar-se Ponta de Pedras, respeitando e homenageando “as suas origens tabajaras, seus primitivos habitantes, em cuja aldeia o padre fransciscano Frei Antonio de Campo Maior fundou, em 1589, uma missão de índios”...
Faz alusão também “ao saudoso desembargador goianense Ângelo Jordão de Vasconcelos Filho, que tanto batalhou pela conservação do nome primitivo, cujas palavras tomamos como nossas:“Se havia de ser sacrificada alguma duplicata, que fosse a cidade do Pará. A nossa tem precedência, não aquela, pois teve o seu início nos primórdios da nossa vida colonial”.
Continuando, diz que, “em 1589, nem sequer o Pará existia como aglomerado de colonizadores portugueses, pois sua capital Nossa Senhora de Belém foi fundada por Francisco Caldeira Castelo Branco, em 24 de dezembro de 1615, donde se concluirá com facilidade que a sua cidade Ponta de Pedras só teria surgido posteriormente... | |||
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Assim foi aprovado o projeto, onde agora tentamos melhor divulgá-lo para acabar de uma vez por todas nossas dúvidas sobre o nome de uma das mais belas praias do litoral norte de Pernambuco. Litoral este tão esquecido pelas autoridades do Estado, com o Prodetur tendo seus olhos mais voltados para o litoral sul.Num passado recente, um tal Projeto Costa Verde, decantado pelo deputado federal Pedro Eugênio, falava em investimentos turísticos para o Norte. Queremos saber o paradeiro do projeto deputado! Já o governador Eduardo Campos, mais recentemente defendendo a possibilidade do Recife ser sede da Copa do Mundo de 2014, ventilou a hipótese dos turistas aproveitarem e conhecerem os sítios históricos de Recife, Olinda e Igarassu. E Goiana governador? O presidente da Assembléia Legislativa de Pernambuco, deputado Gulherme Uchoa, defendeu recentemente investimentos para o litoral norte lembrando da beleza das praias de Olinda, Paulista e Igarassu. E Goiana deputado? O Governo do Estado, no final de 2007, anunciou a pavimentação em asfalto de trecho que liga Ponta de Pedras a Catuama e à Barra de Catuama, salvo engano. Muito obrigado governador! Mesmo assim, aqui faço um apelo: Lembrem mais de nossa rica história e de nossas belas praias Catuama, Barra de Catuama, Carne de Vaca, e PONTA DE PEDRAS, com sua beleza, seu povo hospitaleiro, a passagem do navegador Gaspar de Lemos, o trabalho do missionário Frei Campo Maior, o naufrágio do vapor Bahia...
Hélder Gadêlha é Assessor de Comunicação da Câmara Municipal de Goiana.
Fonte : http://www.camaragoiana.pe.gov.br/artigos/pontas_de_pedra.htm
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quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Pontas de Pedra ou Ponta de Pedras ?
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